Queridos leitores,
Leiam com atenção os nomes abaixo:
Adolpho Hayden Barbosa
Alarico Vieira Barbosa
Alberto Moraes
Alberto Reissmann
Alfredo Peixoto
Antônio de Almeida Campos
Arthur Campos de Camargo
Augusto Costa
Augusto Sarne
Bernardino Gondim
Carlos Beyrodt
Carlos Sant’Anna
Charles G. Vieira
David Ferreira
Deoclécio Andrade
Esaú Silveira
Henrique Jayme de Mello
Henrique Porchat de Assis
Henrique Tross
João Dumans
João Guimarães Júnior
João Martins Peixoto
João Scott Hayden Barbosa
Jorge Sayé
Lauro Guedes Pereira
M. L. Paterson
Manoel Ignácio da Fonseca
Manoel Martins e Oliveira
Marcelino Campos
Mário da Cunha Nogueira
Mário Moraes
Nínio de Paula Martins
Raul Schmidt
Renato Malheiros
Thomaz da Silva
Vicente Ferreira Martins
A lista não é tão extensa, apenas trinta e seis nomes.
Formada por atletas náuticos, cada um com a sua história particular.
Todos decididamente, saíram de suas casas ao amanhecer do dia 24 de maio de1898 não só para se entregarem à labuta diária, que provocava burburinhos na hora do almoço nos arredores da Bolsa do Café; mas também para se tornarem protagonistas de uma das mais belas histórias de um clube social e desportivo brasileiro: o Internacional de Regatas.
Já narrei em uma das crônicas, a epopeia que impediu meu bisavô Albino Jaime Pimenta Ribeiro de ser o trigésimo sétimo atleta a participar de uma histórica Assembleia envolvendo seus irmãos de esporte e jovens atletas.
Tiveram seus nomes gravados e laureados pela história de um dos clubes mais importantes da História do Movimento Clubístico nacional.
Peço licença para descrever o que de fato se deu nesse histórico dia, nessa aclamada Assembleia, e trago entre fragmentos, trechos copiados ou inspirados nos cronistas que, pelos anos, deixaram seu olhar sobre o tema impresso em páginas intercaladas de nossa história.
“Ao entrar na sala abafada, encravada no prédio de número um da Rua Martim Afonso, cada um desses atletas mencionados na lista acima se deparavam com um calendário, cuja folha marcava o dia vinte e quatro de maio de 1898.
Um a um, irrequietos, se acomodavam nas cadeiras dispostas no local. Com a aproximação do horário combinando – 19h30 – o burburinho aumentava de volume e intensidade.
O assunto predominante era sobre o clube que até aquele instante defendiam: o Regatas Santista. Clube que os recebia todo o domingo para praticarem o esporte que predominava naquela época: o remo.
A inquietude era nítida. Só perdia para o descontentamento que envolvia a todos sob forma de protesto contra a orientação que até então era imprimida pela Direção do Clube de Regatas Santista, totalmente em desacordo com o que esses jovens atletas almejavam.
Jovens de várias camadas sociais e comerciais; alguns, do alto comércio cafeeiro local.
Unidos pelo idealismo, buscavam um caminho para tornar realidade tais, há muito não correspondidos pela Diretoria do clube cujas cores defendiam.
Ao badalar das 19h30, anunciada pelo belo relógio de corda, o aposento já estava repleto. Eram todos rapazes de pouco mais de vinte anos, irradiando firmeza e entusiasmo por detrás dos vastos bigodes da época. E começaram a discutir.
O assunto versava entre mais uma passagem de aniversário da batalha de Tuiuti e o descontentamento surgido dentro do quadro associativo do Clube Internacional de Regatas Santista, que levara os dissidentes à corajosa resolução de fundar uma nova sociedade.
Uma sociedade com orientação diferente, alicerçada em princípios diversos dos então adotados pela agremiação que abandonavam, porque eles queriam criar algo moldado exclusivamente por suas convicções e por seus ideais, capaz de satisfazer a ânsia incontida de mudança, de renovação, de combate a tudo que lembrasse o ambiente onde, de tempos àquela parte, não se sentiam mais à vontade.
Haviam sido efetuadas várias reuniões preliminares na residência de Scott Hayden Barbosa, à Rua São Francisco, nº319, tomada a decisão de formar novo clube, marcaram data pela imprensa, convocando os interessados – boa parte deles funcionários da firma Naumann, Gepp & Cia – para efetuarem a assembleia de Fundação.
E ali estavam eles. Ao todo trinta e seis jovens santistas decididos e inflamados pela ideia de mudança, de renovação, de criação, de combate. Jovens sonhadores, que traziam nos braços as asas de Ícaro, e na mente um idealismo lapidado no Olimpo.
Os trabalhos foram presididos por João Scott Hayden Barbosa. Em pouco mais de uma hora, aprovaram-se as cores da nova entidade- branco, vermelho e azul – e deu-se um nome a ela – Clube Internacional de Regatas.
Designou-se uma comissão de três membros – Carlos Beirodt, Henrique Jaime de Mello e João Martino Peixoto, para redigir os estatutos sociais, e elegeu-se e empossou-se o primeiro diretório. Estava fundado o Clube internacional de Regatas.
Logo a seguir, e no mesmo local, os elementos escolhidos para os cargos diretivos realizaram sua reunião inaugural. Eram eles: João Scott Hayden Barbosa, presidente; Polemon Cândido Gomes, vice-presidente; Manoel Martins de Oliveira, Tesoureiro; Mário Moraes, 1º Secretário; Henrique Jayme de Mello, 2º Secretário; e Arthur de Campos Camargo, David Ferreira, Henrique Tross, João Martins Peixoto e Marcelino Campos, diretores.
Ao final da sessão, o dirigente encarregado de secretariá-lo, registrou no livro de Atas, com ar mais sério e solene do mundo:
“… nada mis havendo a apresentar, o Sr. Presidente deu por encerrado a sessão, convidando, em nome da Diretoria, os senhores sócios presentes, para tomarem um copo d´água…”
E a rapaziada alegre saiu toda para a rua. E entrou no bar mais próximo, onde muito conversou e muito bebeu.
Até alta noite, eles discutiram planos, fizeram projetos, anteviram glórias para o clube que tinham acabado de criar.
Mas não tomaram um copo d´água sequer…”
…
Nosso amado clube completa 125 anos.
Queridos leitores, estamos vivendo um momento histórico, onde poucos conseguiram chegar. Repleta de alegria e emoção, lembro de meus pais e avós, com os olhos iluminados pelo orgulho, comemorando ano a ano essa passagem.
Festejemos então a História que estamos escrevendo, em homenagem aos nossos Jovens Sonhadores de Bocaina!
Saudações Vermelhinhas!
Esta crônica é uma homenagem aos 36 sonhadores de Bocaina, cujos nomes escrevo abaixo mais uma vez, para que sempre sejam sagrados em respeito e consideração:
Adolpho Hayden Barbosa
Alarico Vieira Barbosa
Alberto Moraes
Alberto Reissmann
Alfredo Peixoto
Antônio de Almeida Campos
Arthur Campos de Camargo
Augusto Costa
Augusto Sarne
Bernardino Gondim
Carlos Beyrodt
Carlos Sant’Anna
Charles G. Vieira
David Ferreira
Deoclécio Andrade
Esaú Silveira
Henrique Jayme de Mello
Henrique Porchat de Assis
Henrique Tross
João Dumans
João Guimarães Júnior
João Martins Peixoto
João Scott Hayden Barbosa
Jorge Sayé
Lauro Guedes Pereira
- L. Paterson
Manoel Ignácio da Fonseca
Manoel Martins e Oliveira
Marcelino Campos
Mário da Cunha Nogueira
Mário Moraes
Nínio de Paula Martins
Raul Schmidt
Renato Malheiros
Thomaz da Silva
Vicente Ferreira Martins